domingo, 7 de setembro de 2014

A independência do Brasil





Embora muitos livros didáticos usem este quadro de Pedro Américo (1888) para ilustrar a independência do Brasil, nossa emancipação não aconteceu da forma demonstrada no quadro. Quando ocorreu a nossa libertação de Portugal, em 1822, Pedro Américo nem havia nascido. Assim, ele não presenciou esse episódio. 
É importante lembrar que a independência do Brasil não trouxe muitas mudanças para a população. Prova disso, é que, nove anos após nossa emancipação, algumas pessoas ainda não sabiam que esse evento tinha acontecido. Além disso, depois da nossa libertação de Portugal, continuou existindo a escravidão.

A vinda da família real para o Brasil

O Bloqueio Continental
Como vimos, a Inglaterra foi o primeiro país no mundo a se industrializar. Depois de um tempo, a França também realizou a sua Revolução Industrial. Porém, os produtos fabricados nesta eram muito diferentes daqueles feitos por aquela. Enquanto a Inglaterra especializou-se em produtos básicos como calças, blusas e sapatos, a França produzia artigos supérfluos como perfumes, sedas e porcelanas. Em virtude das pessoas necessitarem mais das mercadorias que eram feitas pelos ingleses, o que estes fabricavam tinham maior vendagem do que aquilo que era feito pelos franceses. Desse modo, a Inglaterra lucrava muito mais do que a França. Com inveja os britânicos, o rei da França, Napoleão Bonaparte, tramou um plano com o objetivo que “quebrar” a Grã-Bretanha. Esse plano foi chamado de Bloqueio Continental. De acordo com ele, todos os países do continente europeu ficariam proibidos de comprarem os produtos que os ingleses fabricavam e vendiam. Porém, dois países da Europa (Portugal e Espanha) desrespeitaram essa ordem dada por Napoleão. Por isso, o rei francês, furioso, mandou que essas nações fossem invadidas. Com medo das tropas da França, a família do rei português e seus auxiliares – mais ou menos quinze mil pessoas – vieram para o Brasil.

Modificações ocorridas por causa da vinda da família real
Nessa época vigorava no Brasil o Pacto Colonial. Apesar de ser chamado de pacto, este acordo beneficiava somente a metrópole. Segundo esse pacto, a colônia só poderia vender seus baratos produtos agrícolas para metrópole, ao mesmo tempo em que era obrigada a comprar desta última aquilo que ela vendia, mesmo que tivesse um preço alto.  Assim, o Pacto Colonial era uma forma que as metrópoles tinham de ganhar dinheiro por meio de suas colônias.
É preciso destacar a Inglaterra tinha a melhor frota mercante do mundo, se ofereceu para trazer os portugueses para o Brasil. Como forma de agradecer aos ingleses pelo “favor” que estes tinham lhe prestado, Portugal permitiu que a Inglaterra vendesse seus produtos no Brasil. Devemos nos lembrar que após a Revolução Industrial, a Inglaterra estava fazendo tantos produtos, que as pessoas que moravam nesse país não estavam conseguindo comprar tudo que era fabricado. Por esse motivo, era preciso arranjar compradores em outras partes do mundo. Portanto, quando os portugueses deixaram que essa nação vendesse suas mercadorias no Brasil, os britânicos ficaram muito felizes. Esse episódio ficou conhecido como abertura dos portos às “nações amigas”. Essa atitude acabou com o Pacto Colonial. Muitos autores consideram que esse foi o início da independência do Brasil.
Além disso, sabemos que hoje nos portos e aeroportos de nosso país existem as alfândegas que são locais de fiscalização que verificam se os produtos que as pessoas estão trazendo para o Brasil estão obedecendo à quantidade permitida (quota). Existem também as tarifas alfandegárias, que são impostos sobre os artigos estrangeiros. O objetivo dessas ações é fazer com que as pessoas comprem mercadorias brasileiras. Isto porque ao comprarmos um perfume importado, por exemplo, estamos gerando empregos e rendendo muito mais dinheiro para o país de onde importamos o artigo do que para o Brasil. As tarifas alfandegárias fazem com que os produtos vindos de outros países fiquem mais caros do que os do nosso, forçando, assim, o comprador a dar preferência aos brasileiros. No período em que estamos estudando já havia as tarifas alfandegárias. Em 1810, novamente, como forma de agradecimento à Grã-Bretanha, Portugal tomou outra medida que favorecia aquele país. Enquanto os produtos de outras nações que eram vendidos aqui pagavam 24% de tarifa alfandegária, os portugueses pagavam 16% e os ingleses 15%. O estabelecimento desses valores aconteceu durante o Tratado de 1810. Veja só! Com isso, as mercadorias inglesas tornavam-se mais barato do que as portuguesas.
Outras mudanças provocadas pela vinda do rei para o Brasil foram a ausência de moradia e o aumento dos preços dos alimentos. Imagine só quinze mil pessoas chegando de uma vez em uma única cidade como aconteceu no Rio de Janeiro. Nessa época, não havia moradias suficientes para abrigar todos os imigrantes. A solução encontrada foi escolher algumas casas para que o rei e seus amigos pudessem morar. Na porta dessas casas ficava uma placa com as letras PR, que significavam príncipe regente. Deve-se destacar que os moradores de nosso país não se sentiam ofendidos quando saíam de sua casa e deixavam que o rei morasse nela. Ao contrário, consideravam que fazer um favor ao rei era um privilégio. Quanto à falta de alimentos, sabemos que aqui não havia quantidade para alimentar todos os novos moradores e, quando a procura aumenta, eleva-se também o seu preço. Algumas pessoas, então, chegaram até a passar fome.

A Revolução Pernambucana de 1817
            É preciso lembrar que as províncias (estados) beneficiadas com a vinda da família real para o Brasil foram aquelas que se localizavam na região sudeste. Devido ao fato de que o rei morava no Rio de Janeiro, muitas medidas por ele adotadas favoreciam não só esta cidade, mas a região sudeste como um todo. Foram criados, por exemplo, o Jardim Botânico e o Banco do Brasil.
            Porém, no Nordeste o mesmo não aconteceu. O fato do rei ter vindo morar no Brasil, não alterou em nada a vida das pessoas dessa região. Continuavam pagando impostos muito caros. Além disso, nesse lugar, a maioria dos comerciantes era portuguesa. Insatisfeitos com essa situação e inspirados nas idéias iluministas estourou uma revolta em Recife. Os manifestantes desejavam que Pernambuco e outras províncias se tornassem independentes do Brasil.
            O odiado governador tinha ordenado algumas prisões. Mas um capitão não as cumpriu e enfiou uma espada no seu comandante. O coronel enviado para castigar esse capitão por tal ato, foi executado pelos soldados. Dessa forma, durante dez semanas Pernambuco foi um país independente.
O novo governo era formado por fazendeiros, comerciantes, padres, militares e juízes. Mas, os revolucionários logo se desentenderam. Alguns queriam abolir a escravidão. Os fazendeiros, entretanto, não concordavam com esse pensamento. Outro motivo de discordância era a permissão de que os mais pobres pudessem votar.
O governo aproveitando-se dessa briga entre os manifestantes entendeu que esse era o melhor momento para derrotar o movimento. Milhares de soldados desembarcaram em Recife e derrotaram os rebeldes.

A Revolução do Porto
            Já estudamos que quando D. João VI veio para o Brasil, ele deixou o povo português em grandes apuros, pois Portugal estava sendo invadido pelos franceses. Assim, o rei abandonou seus súditos no momento em que eles mais precisavam de sua ajuda. Depois de muitas batalhas, os portugueses conseguiram expulsar os invasores franceses de Portugal.
            Em 1820, ocorreu a Revolução do Porto neste último país. Os portugueses exigiam o retorno de D. João VI. Esse ficou protelando sua volta durante uns oito meses. Quando lá chegou, os lusitanos lhe disseram: “Queremos que você seja o nosso rei novamente.” Porém, nessa revolução, o Parlamento de Portugal havia elaborado uma Constituição para esse país. De acordo com essa lei, o poder do rei seria limitado e não mais absoluto como era antes. Essa foi a vingança do povo ao rei que o abandonou em seus momentos mais difíceis.

A independência do Brasil
            Deve-se ressaltar que antes de D. João partir disse ao seu filho D. Pedro I: “Prefiro que você comande o Brasil, antes que um aventureiro o faça!”. Desse modo, aconteceu a independência do Brasil. Vale notar que nesse movimento não houve a participação popular. Além disso, nove anos após a independência, muitas pessoas não sabiam que ela tinha ocorrido. Esse fato nos mostra que esse episódio não melhorou a vida da população brasileira, pois se isso tivesse se realizado as pessoas não esqueceriam. 

Agora, responda às perguntas abaixo:
1) A família real portuguesa veio para o Brasil por causa do Bloqueio Continental. Explique o que foi esse bloqueio.
2) Cite os nomes dos países que desrespeitaram o Bloqueio Continental.
3) Qual foi o país que ajudou a família real e seus ajudantes a virem para o Brasil?
4) Em 1808, quando os portugueses aqui chegaram abriram os portos “às nações amigas”. Dessa forma, eles acabaram com o Pacto Colonial. Explique o que era o Pacto Colonial e como a abertura dos portos acabou com o mesmo.
5) Em 1810, foi decretado o Tratado de Comércio e Navegação. Segundo esse acordo, os portugueses pagariam 16% das tarifas alfandegárias, os ingleses 15% e os outros países 24%. Diga como esse tratado beneficiou os ingleses.
6) Quais foram as mudanças ocorridas em nosso país após a vinda da família real?
7) Por que a Inglaterra, depois de realizar a Revolução Industrial, precisava de novos mercados?
8) Explique qual era o objetivo da Revolução de 1817?
9) O que foi a Revolução do Porto?
10) Comente a seguinte afirmação: “A independência do Brasil modificou profundamente a vida da população brasileira”.


As condições de trabalho na época da Revolução Industrial

O texto a seguir é o depoimento feito ao administrador de uma fábrica. Leia-o e depois responda a pergunta.

P – A que horas da manhã, com tempo bom essas moças chegam à fábrica?
R – Com tempo bom, durante cerca de seis semanas, chegam às três da manhã e saem às dez ou dez e meia da noite.
P – Que intervalos existem entre essas dezenove horas de trabalho para alimentação e descanso?
R – Quinze minutos respectivamente para almoço, lanche e jantar.
P – Alguns desses intervalos é usado para a limpeza das máquinas?
R – Quase sempre, as moças são obrigadas a fazer o que chamam de “pausa seca”; às vezes, a limpeza toma todo o intervalo do almoço ou do lanche.
P – Não há dificuldades para acordar essas jovens depois de um trabalho exaustivo como esse?
R – Há sim; de madrugada é preciso sacudi-las para que acordem.
P – Tem havido acidentes com elas em conseqüência desse trabalho?
R – Sim, minha filha mais velha esmagou o dedo na engrenagem.
P – Perdeu o dedo?
R – Teve de ser cortado na segunda falange.
P – Ela recebeu pagamento durante o acidente?
R – No dia em que aconteceu o acidente, o pagamento foi suspenso.

De acordo com a entrevista, como eram as condições de trabalho na época da Revolução Industrial?
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